sábado, 4 de junho de 2011

Não posso entrar

Perto de Olite, na Espanha, existe um castelo em ruínas. Resolvo visitá-lo, e quando já estou diante dele, um senhor na porta me diz:
- Não pode entrar. 
Minha intuição me garante que ele está me proibindo pelo prazer de proibir. Explico que venho de longe, tento dar uma gorjeta, ser simpático, digo que aquilo é um castelo em ruínas – de repente, entrar naquele castelo se tornou muito importante para mim.
 - Não pode entrar – repete o senhor.
Resta apenas uma alternativa: seguir adiante, e esperar que me impeça fisicamente. Me dirijo para a porta. Ele me olha, mas não faz nada.
Quando saio, duas turistas se aproximam e entram. O velho não tenta impedi-las. Sinto que, graças a minha resistência, o velho resolveu parar de criar regras absurdas. Às vezes, o mundo nos pede para lutar por coisas que não conhecemos, por razões que jamais vamos descobrir.

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