terça-feira, 21 de junho de 2011

Um dia te levo comigo ...

Não da pra esquecer teus olhos nem todos os beijos que você me dá,
Não da pra esquecer o cheiro e o ouro do cabelo a me iluminar,
A vida passa tão sem graça mas quando você tá perto fica tudo bem.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Amor...



é quando você tem todos os motivos para desistir de alguém, e não desiste.


[William Shakespeare]

domingo, 19 de junho de 2011


"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício
da vida está no amor que não damos, nas forças que não
usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que,
esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não deixe que a saudade,



sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

“O amor muda como as folhas das árvores no outono. E se eu for capaz de entender isto, serei capaz de amar”.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Nunca mais serei aquela que se fez seca, vendo a vida passar pela janela...


Quando já não procurava mais
Pude enfim nos olhos teus, vestidos d'água,
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos, as calçadas
E, assim, no teu corpo eu fui chuva
... jeito bom de se encontrar!
E, assim, no teu gosto eu fui chuva
... jeito bom de se deixar viver!
Nada do que fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra tua boca
[Composição : Luis Kiari e Caio Soh]

Um dia você aprende que ...


"Depois de algum tempo você aprende a diferença ,a sútil diferença,entre dar a  mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que a companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas (...)"

falando sério

Quando pensamos que conhecemos uma pessoa por inteiro eachamos que sabemos o que é melhor pra ela, devemos tentar lembrar que não sabemos nem mesmo o que é melhor pra nós!



segunda-feira, 13 de junho de 2011

No deserto de Mojave

No deserto de Mojave, é frequente encontrarmos as famosas cidades-fantasma: construídas perto de minas de ouro, eram abandonadas quando todo o produto da terra tinha sido extraído. Haviam cumprido seu papel, e não tinham mais sentido.
Quando passeamos por uma floresta, também vemos árvores que – uma vez cumprido seu papel, terminaram caindo.
Mas, diferente das cidades-fantasma, o que aconteceu?   Abriram espaço para que a luz penetrasse, fertilizaram o solo, e seus troncos estão cobertos de vegetação nova.
A nossa velhice vai depender da maneira que vivemos o momento presente. Podemos terminar como uma cidade- fantasma, simplesmente abandonados.  Ou então como uma generosa árvore, que continua a ser importante, mesmo depois de caída por terra.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e outras, que vão te odiar pelo mesmo motivo. Acostume-se...[Ediane Wunderlich]

quarta-feira, 8 de junho de 2011

AO HORIZONTE OLHAR


Sobre olhar da Simplicidade avista-se a mais bela Perfeição
Quero enteder-te, pois avulsa de mim

uma a curiosidade da leitura do teu Olhaar
.

Me  impressiono ao saber que em alguns
estantes ele havia de procurar algo que o preenche-se o vazio que a nele .
Ó duvida incessata por que mi castigas?

será que é necessário?

Ser tão misterioso...

Olhar a ti pergunto: porque ser tão duvidoso?

Se, pois não a nada que haja de ser compreendido, 

será qui da escuridão e do
vazio tu não sairás?

Ô dúvida que me corrompe !

Ao  fecha- los não encontrará assim a
saida , mais em descanso tão belos.,

E lindos eles estarão ao esplendido...
Horizonte a luz nascer.
                 






                                                                          (Rubens ChagaS)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Não procure ser coerente

Não procure ser coerente o tempo todo. Afinal, são Paulo disse que “a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus”.
Ser coerente é usar sempre a gravata combinando com a meia. É ser obrigado a ter, amanhã, as mesmas opiniões que tinha hoje. E o movimento do mundo – onde fica?
Desde que você não prejudique ninguém, mude de opinião de vez em quando, e caia em contradição sem se envergonhar disso.
Você tem este direito. Não importa o que os outros pensem – porque eles vão pensar de qualquer maneira.
Por isso, relaxe. Deixe o Universo se movimentar à sua volta, descubra a alegria de ser uma surpresa para você mesmo. “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios”, diz são Paulo.

                                                  [Paulo Coelho]

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Extravase.



Aprendi com a vida a fazer só aquilo o que é do meu interesse,também não  deixando de lado o que me parece nescessário.
Pode parecer rude,mas a vida vai ensinando a cada um ser um pouco de cada  coisa, e a partir dela tomamos decisões.
Porque ligar pra um amigo,que mal lembra da sua existência?, porque nos apegamos a coisas que sabemos que não valerá a pena,coisas que não nos dará retorno?. Também não deixa de fazer parte da vida o lado "generoso". Humildade sendo usada de forma correta só nos fará beem.
A vida é um jogo e precisamos jogar afim de sairmos vencedores e não fracassados.
Poucos entenderão o que quero dizer...
Sorry!

domingo, 5 de junho de 2011

Pensamentos de uma mente enquieta.

Quando olho pro passado percebo o quanto amadureci. Meus erros e meus acertos me fizeram a pessoa de hoje.
Tem coisas que continuo sem entender e acredito que nunca o farei, já que, como dizem, quando a gente tem todas as respostas vem a vida e muda todas as perguntas - isso é fato! Mas pelo menos sei o suficiente pra sobreviver a esse mundo louco e frenético. Já dizia Sócrates: Tudo que sei é que nada sei.
O que mais me incomoda é reconhecer o que eu não sabia, o que não via. E que achava que tava tudo bem, tudo ótimo. Ver que fui enganada, passada pra trás por pessoas que se diziam minhas amigas e, diga-se de passagem, eu acreditava nisso. E hoje, ao perceber o quão cretinos eles foram e o quão ingênua eu fui, deixei de sê-lo. Não sou mais tão facilmente ludibriada - não que já não o seja.
Mas o que me deixa mais feliz é saber que encontrei alguém que eu sei que me ama e que não me faria mal de modo algum. Pelo menos não de propósito :P Além de ter reforçado as antigas amizades, que sempre estiveram ao meu lado e que sinto que poderei sempre contar com elas.
De qualquer forma, creio que sempre haverão essas reflexões na vida de todo mundo. Tem uma hora em que a ficha cai e a gente percebe que tava sendo feito de bobo. Tentamos mudar, e em alguns aspectos realmente evoluimos. Mas tem coisas que nunca mudam. O Nerd vai ser sempre o carinha dos video-games, o C.D.F. vai ser sempre o carinha que fala difícil e usa óculos fundo-de-garrafa, a patricinha vai ser sempre a menina cheia de grana e nariz em pé... E por ai vai... E eu vou ser sempre da turma das autistas que escrevem em blogs pra externar suas frustrações.


Eu não me importo se você é ,



negro, branco, hétero, bissexual, gay, lésbica, baixo, alto, gordo, magro, rico ou pobre. Se você for gentil comigo, eu serei gentil com você. Simples assim - Eminem

(500) Days of Summer...

sábado, 4 de junho de 2011

"Tigre Tigre"

Tigre, Tigre, da americana Margaux Fragoso (foto), não é uma leitura fácil. Segundo a revista New York, o livro tem a “cena mais indecente” publicada nos últimos dez anos. No trecho, a autora descreve seu primeiro contato com o órgão genital masculino: “O conjunto parecia um cachorro-quente sem pão com dois balões meio murchos”. A indecência: Margaux tinha então 8 anos e estava diante de um homem de 52. Era aniversário de Peter Curran[nome fictício] e ele havia pedido um presente: um “carinho especial”.
Foi o primeiro contato sexual de Margaux com o homem que abusaria dela nos próximos dez anos. Os anos de abuso, vergonha e confusão compõem o enredo de Tigre, Tigre(Rocco), recém-lançado no Brasil. Mas a narrativa não é o retrato estereotipado de uma vítima e seu algoz. Margaux, hoje com 32 anos, também expõe seus sentimentos pelo agressor e sua sensação de profundo desamparo. Seu pai, muito rígido e tradicional, não impediu seu contato com o pedófilo. Sua mãe, uma paciente psiquiátrica, não foi capaz de detectar o risco que a menina corria.
Com o livro, Margaux tenta entender como e quando se percebeu como vítima e por que, mesmo cercada de adultos, nenhum a protegeu. Nesta entrevista, concedida por e-mail a ÉPOCA, Margaux Fragoso fala do trauma do abuso e sugere como os pais devem lidar com a pedofilia.
Você sofreu abuso dos 7 aos 17 anos de idade e teve uma relação próxima com o agressor até o dia em que ele cometeu suicídio, quando você tinha 22 anos. Margaux Fragoso – Tigre, Tigre está sendo lançado quase dez anos depois da morte dele. Por que decidiu contar sua história?
Margaux Fragoso – O violento suicídio de Peter foi um catalisador. Para mim, escrever é o oposto de morrer, porque é se comunicar, é afirmar a vida. Todo dia depois de sua morte escrevi trechos de meu livro. E eu lia muito também. Escrever e ler me mantinham em contato com a minha identidade depois que meu senso sobre mim mesma havia sido tão maltratado.
No fim da vida, Peter sugeriu que você escrevesse sobre a relação que viveram. Como encarou esse pedido?
Não da maneira como ele queria. Ele sempre tentou controlar o que eu escrevia, insistindo que eu escrevesse apenas sobre os momentos felizes. O livro desafia o desejo dele. Se fosse possível conversar com quem já deixou este mundo, eu pediria a Peter para ler Tigre, Tigre. Na margem do exemplar dele, eu escreveria uma frase de James Baldwin: “Quando um livro é publicado, pode machucá-lo – mas antes que ele o machuque, eu tive que me machucar primeiro. Só posso dizer sobre você o tanto que consigo dizer sobre mim mesmo”.
O que você quer que as pessoas sintam ao terminar de ler Tigre, Tigre? O que sentiu ao terminar de escrevê-lo?
Quero que as pessoas sintam o que tiverem que sentir, não o que quero que sintam. Todos os escritorres deveriam lutar para dar aos seus leitores a chance de chegar às suas próprias conclusões. É um sentimento profundo terminar de escrever um livro e fazê-lo de uma forma que você considera correta, que o agrada. Imagino que o final é capaz de despertar assombrações para algumas pessoas. Porque, no final, fico pensando na miríade de imagens da infância e todo mundo, até certo ponto, lamenta-se da perda da infância. E há uma perda tão profunda que guarda dentro de si uma beleza, e senti essa beleza de uma maneira muito sutil enquanto eu escrevia. Eu podia ver todas as imagens em minha cabeça – o riso no bosque, o descanso nas colinas. E Peter está preso naquelas colinas; ele nunca cresceu, e essa era a tragédia pessoal que ele transmitia aos outros.
Em várias passagens, você conta que se considerava impura, uma espécie de prostituta juvenil. Quando se deu conta de que era a vítima de um crime – e não a culpada por ele?
Tenho consciência agora de que não foi minha culpa e, por isso, não tenho mais vergonha. Embora às vezes eu me sinta levemente envergonhada ao ler algumas das resenhas sobre meu livro, que soam como transcrições de um processo judicial. Uma das críticas colocava a minha foto debaixo de letras garrafais: “Exposição indecente”. O uso de um jarguão legal me fez sentir como uma criminosa. Agora sei por que as crianças raramente denunciam seus agressores. Porque há uma mensagem subliminar na sociedade de que o mensageiro, por assim dizer, será morto. Você será visto como um bem danificado ou, então, ser julgado culpado de alguma maneira. Então, por que não manter o segredo em vez de enfrentar o desprezo?
Como os pais devem tratar seus filhos em caso de abuso?
É importante que os pais tratem uma criança que foi abusada exatamente da mesma maneira que antes. Não trate a criança como se ela estivesse arruinada. Escutei pais, incluindo o meu próprio, dizer coisas como “prefiro que minha filha morra num acidente de trânsito a que seja molestada. Essa é a pior coisa que pode acontecer.” Minha resposta para isso é: não, o abuso sexual tem tratamento. Não é terminal. Pelo amor de Deus, todos precisamos parar de ser histéricos para que a criança possa de fato se recuperar. Muitos pais agem como se nunca fossem conseguir lidar com a situação se soubessem que seus filhos foram molestados. E, por favor, lidem com isso, vocês são adultos. Se vocês conseguirem lidar com isso, seus filhos conseguirão. Não passe a sua vergonha para o seu filho.
O seu livro explora um pouco a sexualidade da perspectiva da criança – você descreve o que teria sido seu primeiro orgasmo, aos 7 anos. Você acredita que deixar de falar sobre sexo com as crianças abre espaço para pedófilos?
Pelo que li, as crianças têm uma sexualidade voltada para si próprias, e é isso que descrevi naquela cena. Os estudos sobre a sexualidade na infância mostram que as crianças não pensam em outras crianças ou adultos quando têm prazer – elas não tem ideia do conceito de “sexo”. Acho importante dizer para as crianças que o corpo pertence a elas e que não precisam se sentir envergonhadas de se auto-estimular desde que isso aconteça em momentos privados. Os agressores tentam controlar a sexualidade da criança e interferem em seu desenvolvimento natural. Eles transformam aquilo que é normal e inocente em algo vergonhoso. É importante que as crianças saibam a verdade sobre o sexo quando perguntam sobre o assunto. Dizer que pertence a elas mesmas durante a infância e que, quando adultos, é dividida com outra pessoa. Procure reduzir o sentimento de vergonha ao falar do assunto com seus filhos para que eles possam se sentir livres para conversar sobre a sexualidade com os pais se precisarem, se tiverem alguma curiosidade ou se, mais grave, estiverem sofrendo algum abuso. As crianças não vão falar sobre abuso se sentirem que seus pais ficam extremamente desconfortáveis ao falar de sexo em geral.
Tigre, Tigre também discute a questão da autoestima – quando criança, você costumava medir seu valor pela atenção que recebia dos outros e, por isso, sempre tentava agradar as pessoas. Melhorar a autoestima das crianças pode reduzir sua vulnerabilidade a pedófilos?
Quando os pais dão aos filhos esse sentido de valor próprio, eles não sentem que precisam consegui-lo de seus agressores. Alguns filmes para as garotas, como A Bela e a Fera, dá a elas a impressão de que o amor vence tudo e que os agressores vão mudar, em algum momento. No filme, a besta é domesticada e se torna um príncipe. Na realidade, a besta é, geralmente, incorrigível – é preciso correr dela, não tentar mudá-la. As meninas precisam ser ensinadas desde cedo a não aceitar abuso de nenhuma forma e a não tentar “consertar” o menino mau. Ao sair do mundo com Peter, tive que aprender a estabelecer limite para as pessoas, especialmente homens. Havia sido programada para agradá-los, a colocar seus desejos em primeiro lugar. Entrar no mundo do sexo tão cedo faz a pessoa sentir como se não tivesse vontade própria – como se fosse um objeto que pertence a alguém. Parei de ter relações sexuais com Peter aos 17 anos mas carreguei esse trauma profundo comigo muitos anos depois. Ser sexualizada na infância faz a pessoa sentir que a sexualidade não é dela. Algumas mulheres podem não se sentir no direito de negar as exigências dos homens no sexo; outras acham que não podem ter sexualidade alguma. Um preço muito grande, que às vezes dura a vida inteira, é pago para que o pedófilo tenha seus momentos de gratificação. Hoje tenho um bom marido, porque fiz a escolha consciente de não perseguir os “maus garotos”.
Além de descrever sua relação com Peter Curran, a senhora também descreve sua relação com seus pais. Naquela época, você os culpava pelo que estava acontecendo? 
Culpei meu pai na época por ser tão crítico e negativo que me fez sentir como se tivesse que sair de casa. Eu não suportava ficar em casa. Ele dizia que eu havia gerado a doença mental de minha mãe e acreditei nele. Acreditei que nunca deveria ter nascido. Minha autoestima era nula. Agora sei que ele mesmo tinha baixa autoestima. Mas como eu ia saber disso lá atrás? Precisei escrever sobre ele para entender quão inseguro ele era, e como ele passou isso para mim inconscientemente.
Mais tarde, tive que lidar com uma raiva reprimida contra minha mãe. A ligação entre a mãe e seu filho é muito primária. Depois de um tempo é preciso deixar de lado a busca por falhas ou vamos ficar constantemente procurando a quem culpar, e isso acaba se tornando inútil. Um amigo me ensinou a pensar: “Quando as pessoas não estão em um estado mental são, não é possível esperar que elas ajam como pessoas saudáveis.”
A cultura latina tradicional de seu pai e de grande parte da população brasileira dá uma grande importância grande para a virgindade e a honra. Essa cultura dificulta lidar com a questão da pedofilia?
Sim, é pior quando se pensa que a honra é baseada na virgindade. Não é nada mais do que uma forma de controle patriarcal. Mas quando se vem de um contexto cultural como esse, como muitas garotas latinas, toma-se o código de honra como verdade divina. Tive que aprender que o verdadeiro código de honra é seguir uma ética que promove a harmonia social e a saúde, e não tem nada a ver com a “pureza” sexual.
No passado, para manter minha honra, tive que manter silêncio sobre o que aconteceu, enquanto me sentia suja. Agora construí uma vida digna fazendo exatamente o oposto do que o meu pai acharia honroso.
Você descobriu que o próprio Peter havia sido abusado na infância – um traço comum a muitos pedófilos. Descobriu que sua mãe também fora uma vítima na infância – característica comum em algumas famílias de vítimas. Por que isso acontece?
O trauma pode ser passado de geração em geração. Minha tia e minha mãe sofreram abuso sexual e minha mãe não lidou com aquilo. Por isso, ela não foi capaz de entender o que Peter estava fazendo e impedi-lo. Segundo as estatísticas, mulheres que foram abusadas sexualmente têm mais chance de ter filhos vítimas de abuso. Porque é tão doloroso acreditar que o ciclo traumático está se repetindo que as mães podem se recusar a ver o que está acontecendo. Se o mesmo acontecer com minha filha, não temerei enfrentar o problema. Protegi a minha mãe de saber da realidade do abuso por todos aqueles anos. Não quero que a minha filha me proteja mantendo segredos.
Até que ponto a seu relato coincide com o de outras vítimas da pedofilia? 
Acredito que é comum as crianças terem relações próximas com seus agressores. Os pedófilos podem entrar na vida da criança e satisfazer a necessidade delas por afeto quando a família falha. As relações de longo prazo são provavelmente mais comuns do que se imagina. É raro que as pessoas falem sobre isso em público porque, se o fazem, veem seus sentimentos privados atacados. Como, então, as pessoas poderiam saber da existência desses laços secretos se ninguém nunca fala sobre eles?
É importante perceber que a minha memória não é uma forma de propaganda; nós, escritores, não estamos tentando propor uma forma definitiva de pensar esses assuntos. Admitir que em algum momento alguém ama uma pessoa como Peter não quer dizer que o desculpa por seus crimes; é apenas um sentimento subjetivo que existe e, por isso, tem o direito de se tornar um assunto. Não o amo mais e talvez a razão pela qual fui capaz de frear esse sentimento foi o reconhecimento de senti-lo, antes de qualquer coisa.
Minhas palavras têm sido distorcidas em várias mídias, que as tiraram de contexto, como a declaração de meu jovem “eu” de que sentia como se a relação com Peter fosse uma forma de dependência de heroína. Para mim, ser viciado em heroína não é uma situação desejável, mas é possível entender por que alguém tenta escapar do mundo usando drogas. As drogas cultivam uma falsa realidade, assim como os pedófilos. No fim, as drogas destroem sua vida, assim como esse tipo de “amor”. Uma das manchetes dizia algo como “Garota imatura compara relação pedófila com prazer das drogas”, como se eu estivesse dizendo algo positivo.
Toda vez que se tenta dizer algo novo, é preciso encarar a resistência dos mitos culturais. Como Boris Cyrulnik, um especialista no estudo dos traumas, diz, “nós [como uma cultura] desconfiamos da mentira e tentamos reprimi-la, mas amamos os mitos e não queremos nada além de nos rendermos a eles.” O mito é de que uma criança nunca poderia nutrir sentimentos de amor e afeição por seu agressor; é esse mito que quero destruir. Porque, se a sociedade admitir toda essa complexidade, vai precisar refazer tudo dentro de um novo modelo, e trabalhar em busca de novas soluções. É mais fácil classificar essas situações em duas categorias bem distintas: pobre menina abusada e grande monstro mau. Mas esse tipo de pensamento nos ajudou a saber mais sobre esse tipo de relação, nos ajudou a preveni-la?
Você leu livros de psiquiatria e psicologia para escrever o livro?
O psicólogo social Philip Zimbardo me ajudou a colocar várias coisas sob perspectiva. Ele discute o que chama de “teoria situacional”, que defende que as situações têm um grande poder sobre a identidade. Comecei a entender pela minha pesquisa – que foi feita depois de eu escrever minhas memórias e, na verdade, faz parte da preparação para o romance em que estou trabalhando agora – que meu estado mental durante os anos com Peter era bem similar ao dos membros de uma seita sob o controle de um líder carismático. Peter literalmente criou minha realidade a partir das cartas dele, do que dizia, e eu não tinha contato com o mundo externo. Eu pensava dentro dos limites restritos que ele construía e por todos aqueles anos fui incapaz de ver a situação do lado de foram. Foi interessante o caso de Jaycee Dugard [americana sequestrada aos 11 anos que passou 18 com o criminoso e teve dois filhos dele] ter reaparecido bem no momento em que uma editora aceitou publicar meu livro. Jaycee aprendeu a amar seu agressor e não tentou escapar. Muitas pessoas não tentam entender a posição dela ou ficam indignadas com o fato de ela ter admitido amá-lo. É muito difícil para as pessoas entender a Síndrome de Estocolmo sem passar por ela. Todo mundo quer acreditar que os seres humanos não são vulneráveis ao controle mental; quer acreditar no mito do “indivíduo incondicional”. Como o experimento de Zimbardo na prisão de Stanford mostra, é possível pegar um grupo de alunos de faculdade normais e saudáveis, dar a eles o poder absoluto de guarda e tornar os prisioneiros indefesos. Seis dias depois, ele teve que parar com a experiência por causa do flagrante abuso por parte daqueles que tinham poder e do colapso psicológico dos subordinados. Em Tigre, Tigre, a realidade entra em colapso, e entro em colapso com ela. Não há terra firma em que apoiar meus pés.
Você já participou de grupos de apoio para vítimas de pedofilia? O seu livro pode ser usado para ajudar pessoas que passaram pelo mesmo trauma?
Falei recentemente com o Centro de Prevenção do Abuso Infantil de Baltimore e foi uma experiência muito positiva para mim. Lembro-me de ter visto uma discussão em grupo sobre meu livro em que o escritor revelava no fim: “para ela foram 14 anos, para mim, 12”. Não estou contando a experiência de ninguém além de mim, ainda assim, sei que muitas pessoas têm muito em comum comigo. Mesmo que eles respondam de forma negativa inicialmente, quem sabe o livro possa abrir um diálogo dentro deles mesmos que não tenha nada a ver comigo. Publiquei o livro para que as pessoas vissem, e fico em paz de saber que levarão dele o que precisam. Sinto como se houvesse espaço para que os leitores se conectem de várias maneiras, não uma só. Por exemplo, pessoas que não sofreram abuso podem ter sido vítimas de bullying, como eu fui. Ou terem tido um pai cruel, ainda que carismático. Ou podem ter gostado de Kurt Cobain. Ou ter criado pombos. Ou talvez eles tenham tirado sarro de alguma garota estranha ao ponto de aniquilar toda sua autoestima. Talvez eles possam pensar um pouco sobre isso e ensinar outras crianças a não praticar bullying com outras. Porque esse comportamento é danoso e alguns dos danos são permanentes.
Ou, talvez, alguém com as mesmas tendências de Peter que esteja pensando em cometer abuso e leia como me senti indigna e envergonhada e como Peter foi preso e acabou destruindo a si mesmo. Ele pode não ter agido ainda e decidir resistir à tentação.
Você diria que superou completamente o trauma do abuso?
Não, é impossível superar o abuso como se ele nunca tivesse acontecido. Há sempre uma parte ferida que pode doer conforme a situação. Mas tento não deixar meu passado me definir. Normalmente, não me vejo como uma pessoa que sofreu abuso. Quando estou numa situação em que dizer que sobrevivi à pedofilia serve um bom propósito, então eu uso essa identidade temporariamente. Mas, fora desse contexto, não a uso.
De qualquer forma, se aconteceu, você não pode negar. Precisa aceitar. Precisa ver o que aconteceu – olhar nos olhos do monstro e encará-lo como ele é. Se você correr, ele o segue. Se o encarar, ele enfraquece. O caos é o vazio e a tragédia é a ausência de significado. As palavras e as histórias são nossas defesas contra os dois.
Você diz que o segredo é o que torna possível a pedofilia. Como os pais podem ajudar as crianças a quebrar esse mundo de sigilo?
Deixando nossos filhos à vontade para nos contar qualquer coisa. Nós, pais, precisamos enfrentar as coisas que mais nos perturbam, porque aí mostramos aos nossos filhos que eles podem nos dizer tudo. Em geral, crianças que sofrem abuso – e falei com outras vítimas – sentem que precisam proteger os adultos de saber, porque eles não conseguirão lidar com a informação. Com isso, o fardo é colocado nos ombros de crianças muito novas, que são capazes de sentir nosso desconforto e perturbação e tentam nos blindar. Devemos aos nossos filhos ser fortes e enfrentar o que achamos que não podemos.
Os políticos deveriam apoiar a ideia de que o tratamento para os pedófilos é a melhor maneira de prevenir o crime. É preciso criar linhas anônimas em que pedófilos que estão pensando em cometer o crime possam ligar e ser dissuadidos de fazê-lo. Fred Berlin criou uma linha assim no Canadá e nos Estados Unidos, mas quando se tornou lei que quem ligava deveria ser denunciado para as autoriedades, os telefones pararam de tocar. Todos aqueles pedófilos que poderiam ter sido dissuadidos de cometer abuso sexual voltaram às sombras, cultivando relações com crianças em segredo.
Você nasceu em 1979. Acredita que as crianças nascidas nos últimos dez anos estão mais protegidas do abuso?
Não sei. O que sinto é: quanto mais o diálogo sobre o assunto está aberto, mais difícil é para os pedófilos esconder sua verdadeira intenção. Os pais vão saber que é difícil achar homens mais velhos que apenas querem ficar próximo de garotas novas, como em Annie ou Punky Brewster, dois dos programas preferidos do Peter. Os bondosos homens dessas histórias adotam as jovens garotas simplesmente porque queriam dar a elas uma vida melhor. Esse tipo de altruísmo não é impossível, mas a minha história é bem mais provável. É engraçado como minhas memórias são vistas como improváveis, mas quando você pensa por um momento, percebe que as histórias boas demais para ser verdade são ainda mais raras.
Qual a melhor forma de proteger as crianças dos pedófilos?
Na prática, tratando a pedofilia como um caso particular. Fred Berlin, um especialista americano no assunto, tem defendido o tratamento há muito tempo e diz que a pedofilia precisa ser tratada como o alcoolismo e a bulimia. Drogas para inibir a testosterona, antidepressivos e terapia de grupo são algumas opções. Os antidepressivos funcionaram com Peter. Nós não tínhamos mais relações sexuais desde os 17 anos. Mas, para que a mudança ocorra, os governos precisam investir no desenvolvimento de centros de tratamento e as pessoas têm que deixar o ódio de lado para permitir que esses centros existam. É um problema que precisa ser tratado pela raiz.
Quando mostramos compaixão, mesmo quando ela é o sentimento mais difícil, temos uma chance de atingir as defesas e as racionalizações dos pedófilos. A compaixão desarma a defesa, enquanto a culpa e o julgamento não conseguem entrar na mente daqueles que se recusam a admitir. Há tanta ênfase em tratar as vítimas depois do abuso; por que não tratar os agressores e prevenir o problema? Uma estratégia que funcionou nos Estados Unidos é incentivar a vigilância dentro do grupo. Descobri que tem uma organização chamada Cosa que, embora não seja voltada para pedófilos, atinge pessoas afetadas por todo tipo de compulsão sexual. Nosso ódio veemente não deve forçar essas instituições a fechar as portas – impedindo, assim, que os pedófilos consigam ajuda. Isso perpetua o ciclo de abuso.
O assunto não vai sumir do nada, não importa o quanto queiramos isso. Olhar para o problema com moralismo é ferir a população que queremos prometer, ou seja, nossas crianças.
Seu pai dizia que gostaria que a senhora fosse tão forte e firme quanto ele acreditava ser. A senhora acha que o livro confirma que tem essas duas qualidades?
Há sempre uma força muito grande ao confrontar as verdades mais ásperas sobre si mesmo e aqueles próximos de vocë. Mas ser forte é se permitir, antes de tudo, ser fraco. O que quero dizer é que não é preciso ser desnecessariamente rude, bradar uma coragem vazia. O verdadeiro poder vem de admitir e aceitar nossa humanidade como ela é – em sua fragilidade e imperfeição.

Não posso entrar

Perto de Olite, na Espanha, existe um castelo em ruínas. Resolvo visitá-lo, e quando já estou diante dele, um senhor na porta me diz:
- Não pode entrar. 
Minha intuição me garante que ele está me proibindo pelo prazer de proibir. Explico que venho de longe, tento dar uma gorjeta, ser simpático, digo que aquilo é um castelo em ruínas – de repente, entrar naquele castelo se tornou muito importante para mim.
 - Não pode entrar – repete o senhor.
Resta apenas uma alternativa: seguir adiante, e esperar que me impeça fisicamente. Me dirijo para a porta. Ele me olha, mas não faz nada.
Quando saio, duas turistas se aproximam e entram. O velho não tenta impedi-las. Sinto que, graças a minha resistência, o velho resolveu parar de criar regras absurdas. Às vezes, o mundo nos pede para lutar por coisas que não conhecemos, por razões que jamais vamos descobrir.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

"Ninguém é uma ilha"

O texto é adaptado de John Donne:
“Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma. Todo homem é um pedaço de continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, toda a Europa fica menor – porque perdeu um pouco de si mesma. Por isso, o assassinato de qualquer homem me diminui, já que sou parte da humanidade”.
“Ninguém passa por sacrifícios suficientes para chegar ao céu sem antes passar por momentos duros. A dificuldade da vida pode ser um tesouro por sua natureza, mas só pode ser usada como moeda corrente se servir para ajudar os outros”.
“Alguém pode estar agonizando neste momento, e todo o seu sofrimento jazer inútil aos pés de sua cama. Pois todos os momentos difíceis que este homem passou não serviram de exemplo para ninguém”.

Paixão e Amor


"A paixão pode ser descrita como a beleza de um encontro fulminante entre duas pessoas, mas não se limita a isso.Está na excitação do inesperado, na vontade de fazer alguma coisa com fervor, na certeza de que se vai conseguir realizar um sonho.A paixão nos dá sinais que nos guiam a vida – e cabe a nós saber decifrar estes sinais.O grande objetivo do ser humano é compreender o amor total. O amor não está no outro, está dentro de nós mesmos; nós o despertamos. Mas para este despertar, precisamos do outro.O universo só faz sentido quando temos com quem dividir nossas emoções."

A pipa e o vento

Comenta o Dr. R. Brasch:
“Precisamos lembrar que não somos os únicos que estamos diante de um problema quase insolúvel. Mas, da mesma maneira que uma pipa só consegue levantar voo quando é colocada contra o vento, mesmo o pior de nossos problemas serve para nos elevar a um degrau mais alto. Não podemos esquecer nunca que outras pessoas já atravessaram momentos tão insuportáveis como o que estamos passando agora; se elas conseguiram, nós também vamos conseguir”.

Desenvolva o seus talentos e suas virtudes

"Aqueles que buscam melhorar a si mesmos não devem estar presos à teorias ou palavras, mas procurar agir de maneira impecável, utilizando quatro virtudes que devem ser conservadas: coragem, sabedoria, amor e amizade. Existem vários caminhos para isso, assim como existem várias trilhas para se chegar ao topo de uma montanha – mas este topo chama-se amor, e um verdadeiro guerreiro deve entender esta palavra cada vez que estiver diante de uma decisão. Para isso, treine bastante, mas atue baseado em sua intuição, porque o amor sempre nos permite escolher o melhor caminho."